quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Gratidão


“Onde Deus se torna doador, o homem se torna devedor”


O homem por detrás do balcão olhava para a rua de forma distraída. Uma garotinha se aproximou da loja e amassou o narizinho contra o vidro da vitrine. Os olhos da cor do céu brilharam quando viram determinado objeto. A menina entrou na loja e pediu para ver o colar azul-turquesa.


— É para a minha irmã. Pode fazer um pacote bem bonito? — disse ela.


O dono da loja olhou desconfiado para a garotinha e lhe perguntou:


— Quanto de dinheiro você tem?


Sem hesitar, ela tirou do bolso da saia um lenço todo amarradinho e foi desfazendo os nós. Colocou-o sobre o balcão e, feliz, disse:


— Isso dá?


Eram apenas algumas moedas que ela exibia orgulhosa.


— Sabe, quero dar este presente para a minha irmã mais velha. Desde que a nossa mãe morreu, ela cuida da gente e não tem tempo para ela. É aniversario dela e tenho certeza que ficará feliz com o colar que é da cor de seus olhos. O homem foi para o interior da loja, colocou o colar em um estojo, embrulhou com um vistoso papel vermelho e fez um laço caprichado com uma fita verde.


— Tome! Leve com cuidado — disse para a garota.


Ela saiu feliz saltitando rua abaixo. Ainda não acabara o dia quando uma linda jovem de cabelos loiros e maravilhosos olhos azuis adentrou a loja. Colocou sobre o balcão o já conhecido embrulho desfeito e indagou:


— Este colar foi comprado aqui?


— Sim, senhora.


— E quanto custou?


— Ah, o preço de qualquer produto da minha loja é sempre um assunto confidencial entre o vendedor e o cliente — falou o dono da loja.


A moça continuou:


— Mas a minha irmã tinha somente algumas moedas! O colar é verdadeiro, não é? Ela não teria dinheiro para pagá-lo!


O homem tomou o estojo, refez o embrulho com extremo carinho, colocou a fita e o devolveu à jovem.


— Ela pagou o preço mais alto que qualquer pessoa pode pagar. ELA DEU TUDO O QUE TINHA.


O silêncio encheu a pequena loja e duas lágrimas rolaram pela face emocionada da jovem, enquanto suas mãos tomavam o pequeno embrulho.


A verdadeira doação é se entregar por inteiro, sem restrições. A gratidão de quem ama não coloca limites para os gestos de ternura. Por isso, sejamos sempre gratos, mas não esperemos pelo reconhecimento de ninguém. A gratidão com amor não apenas aquece quem recebe, mas também reconforta quem oferece.

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